Chachapoya: Os Guerreiros Das Nuvens

Antigos habitantes do território peruano, os Chachapoya parecem ter sido um povo tão misterioso, que até os Incas, seus algozes, os chamaram de “Os Guerreiros das Nuvens”.

Os Chachapoya

Antecedendo os Incas em mais de sete séculos, a cultura Chachapoya floresceu por volta de 600 d.C., nas remotas terras altas do norte do Peru, uma área de montanhas, cânions profundos e cachoeiras, onde as encostas orientais dos Andes desaguam na bacia amazônica. Neste local, essa sociedade gradualmente se enraizou, cultivando campos e agindo como intermediários entre os Andes e a Amazônia.

Sem linguagem escrita, muito do que se sabe sobre os Chachapoya é derivado de vestígios arqueológicos encontrados em locais funerários, em penhascos de calcário de difícil acesso, nas florestas nubladas do Peru. Mas tenha calma, existem sim registros escritos desse povo, o único problema, é que são registros escritos por cronistas espanhóis, que registraram o que ouviram dos Incas, o povo que derrotou os Chachapoya.

Ainda assim, hoje em dia sabemos que a população Chachapoya pode ter chegado a 500.000 habitantes em seu pico, tinha uma religião própria, não baseada em outros povos da região, contando com um poderoso “xamã chefe”, outros xamãs “menores” e uma forma bastante interessante de sepultar seus mortos, o que indica que eles provavelmente compartilhavam da crença da vida pós morte, assim como diversos povos da antiguidade.

A cultura Chachapoya dominou os picos andinos sem muito esforço por aproximadamente 600 anos, até a chegada dos Incas, que vieram a ser seus inimigos naturais, competindo tanto por território, quanto por comida, água e minérios. Essas duas nações guerrearam por aproximadamente 3 séculos, quando finalmente, os Incas venceram e erradicaram os Chapapoya.

Alguns cronistas espanhóis do século XVI, afirmam, inclusive, que os Incas receberam ajuda de espanhóis para conseguirem vencer os Chapapoya, mas não há evidências de que isso realmente tenha acontecido.

O mapa mostra o local onde os Chachapoyas habitavam, bem como a localização das Ruínas de Kuelap, um vilarejo Chachapoya.

Os Sarcófagos dos Antigos Sentinelas

As figuras que ainda olham para baixo de forma imponente, do alto das isoladas encostas de Karaíja, são conhecidas como “Os sarcófagos Sentinelas”, e são realmente sarcófagos, contendo restos humanos e alguns outros utensílios e artefatos dentro. Os sarcófagos têm formas humanoides e são feitos com uma mistura de argila e fibras de plantas secas, sendo adornados com pinturas vermelhas (nem sempre), estando voltados para as ruínas de Kuelap.

Os Sarcófagos Sentinelas.

Os artefatos estão localizados em um sítio arqueológico peruano chamado de Carajia (ou Karajía), onde foram descobertos, pelo arqueólogo peruano Federico Kauffmann Doig e são conhecidos na região como “Antigos Sentinelas” (ou Sarcófagos Sentinelas). Após os estudos do dr. Kauffman, foi possível saber que era costume dos Chachapoyas usarem sarcófagos para sepultar seus mortos. Estudos e matérias foram publicadas em diversos jornais da época, o que chamou a atenção de Louis Langlois, que iniciou um trabalho no local, em 1939 e posteriormente foi complementado pelos arqueólogos Henry e Paule Reichlen, em 1950.

Os Sarcófagos são únicos em seu gênero, tanto pelo seu tamanho colossal, atingindo até 2,50 metros de altura, quanto pela incomum tintura branca em seu exterior e ótima conservação. O fato de que foram colocadas no topo de uma ravina inacessível, permitiram que se mantivessem a salvo de depredadores e saqueadores. O achado consistia em seis sarcófagos, tendo o terceiro desabado durante um terremoto em 1928, desaparecendo no abismo.

Como os sarcófagos estavam unidos lateralmente, o que caiu, acabou colapsando os que estavam nos lados, o que permitiu aos arqueólogos analisar em detalhes o conteúdo destes sarcófagos. No interior do sarcófago aberto encontrou-se os restos de uma ossada humana, envolta em mortalhas, bem como objetos de cerâmica e oferendas variadas, que acompanhavam o defunto.

Outro grupo de sarcófagos pertencentes a mesma cultura, encontrados posteriormente na região.

Os Guerreiros das Nuvens

Diferentemente de outras civilizações sul-americanas, os Chachapoya provavelmente não utilizavam nenhum tipo de hierarquia em seu sistema social. Os pesquisadores chegaram a esta conclusão ao analisar que os métodos de sepultamento, que embora fossem elaborados, parecem ter sido relativamente igualitários, ou seja, todas as pessoas desse povo tinham direito ao mesmo sepultamento.

O dr. Julio C. Tello, padre e arqueólogo responsável pelas últimas pesquisas no local, afirma que “A arquitetura sobrevivente manifesta poucos símbolos de status e poder, isso somado ao fato de os sarcófagos serem propositalmente pintados de branco, acabam gerando mais dúvidas do que respostas”. O pesquisador diz isso pelo motivo de que os Chachapoya são descritos tanto pelos Incas, quanto por alguns cronistas espanhóis, como mais altos que os espanhóis e de pele muito branca, o que não faz o menor sentido, pois todos os povos originários na região, compartilham das características étnicas dos chamados ameríndios, pele morena amarelada e baixa estatura.

Em resumo, podemos concluir que nem o sistema social, nem a altura e nem a cor dos Chapapoya, condizia com o local onde eles se encontravam, ou seja, provavelmente são descendentes de povos de etnia branca, como pelasgos, etruscos ou quem sabe outros, vindos de outros cantos do planeta.

Mas então, por qual motivo os Chachapoya eram conhecidos como Guerreiros das Nuvens? Quem os descreveu com esse nome, foram os próprios Incas, seus algozes, e não era comum um povo exaltar seus inimigos com nomes “bons”, como não é até hoje. Como já citado, os mais antigos registros escritos sobre os Chachapoya, são obras de cronistas espanhóis do século XVI, que registraram o que os Incas falavam sobre esse povo. E o que os Incas diziam?

Segundo a obra “La Cronica del Perú”, escrita em 1545, por Pedro de Cieza de Leon, os Incas chamavam os Chachapoya de “Canchachupah”, que significaria “homens/guerreiros das nuvens”, pois estes eram brancos como as nuvens e podiam fugir de uma batalha voando, levitando, ou como você quiser chamar. Leon conta e lista diversas histórias que os Incas possuíam de situações em que os Chachapoya, quando encurralados em uma batalha, conseguiam fugir pelo ar como pássaros ou borboletas.

Pesquisadores mais modernos tem outra concepção, para eles, os Incas chamavam os Chachapoya de guerreiros das nuvens simplesmente por não conseguir vence-los nas batalhas anteriores, inventando assim hipóteses fantásticas para disfarçar o fato de não terem conseguido “terminar o serviço”. Eu, particularmente, não concordo nem um pouco com essa teoria, pois não faria sentido atribuir superpoderes a inimigos que teriam acabado de perder uma batalha e fugido.

Há ainda uma terceira corrente, que consiste em afirmar que os Chachapoya eram chamados de guerreiros das nuvens pelo fato de utilizarem vestimentas ornamentadas com penas de pássaros, e quando essas roupas eram vistas pelos Incas, acabavam fazendo eles os confundirem com criaturas místicas/míticas que tinham asas e poderiam voar.

Os detalhes desenhados em tinta branca e vermelha são vistos por alguns pesquisadores como penas.

Não sei para você, mas ao meu ver, os desenhos não se parecem com penas, e mesmo que fossem, há um detalhe muito mais importante a ser notado nas figuras, o típico chapéu dos antigos sacerdotes pelasgos, representados em estatuetas e artefatos encontrados por todo o oriente.

Representações de Homens com 2.5 metros de altura, brancos, utilizando chapéus semelhantes aos dos sacerdotes e reis de antigos povos pertencentes a lugares separados por milhares de quilômetros de distância, me faz pensar em duas hipóteses. A primeira, mais fantástica do que realística, é de que eles realmente possuíam alguma forma de locomoção pelos ares.

A segunda, que me parece mais plausível e provável, é que os Chachapoya são descendentes de antigos povos, que a milhares de anos navegaram pelos mares, aportando no Peru, e incapazes de voltar, acabaram se desenvolvendo e dominando a região, quem sabe, antes até dos famosos Fenícios chegarem as américas.

 

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