O Pilar De Déli: Mistérios Entranhados Num Ferro Inoxidável e Milenar

Localizado na cidade de Déli, na Índia, o Pilar de Ferro de Déli é famoso por sua composição resistente à ferrugem. Acredita-se que fora construído a partir de soldagem de forja. É um pilar ornamentado que se torna mais inspirador quando se conhece sua longa e misteriosa história.

O Pilar de Ferro fica ao arredor das ruínas da mesquita Quwwat-ul, que é considerada uma relíquia da antiga Índia islâmica. A princípio, o pilar não revela nada de sua idade, contudo, sabe-se que ele é muito mais antigo que a própria mesquita, cuja data remonta 1192. A grande coluna de ferro foi forjada há 1.600 anos, ou seja, meados dos anos 300, e chegou a Déli há cerca de 1.000 anos atrás, antes da construção da mesquita. Analisando, parece óbvio, que com tamanha idade, do pilar de ferro não haveria de ter restado nem o pó. No entanto, sustentado por intrigantes mistérios, o misterioso pilar resiste sobre as ruínas islâmicas, as mesmas que pereceram muito antes de sua existência.

O magnífico Monumento de Déli, é uma coluna de ferro com 7,2 metros de altura, dos quais 1,1 metro são subterrâneos. Na sua base contém uma grade de barras de ferro, soldadas com chumbo na camada superior. O diâmetro inferior do pilar é de 420 mm (17 pol) e seu diâmetro superior de 306 mm (12,0 pol). Possui cerca de mais de seis toneladas constituídas de 98% de ferro forjado. E assim, por causa de sua alta resistência à corrosão, o Pilar de Ferro de Déli tem atraído a atenção de arqueólogos e metalúrgicos. Um relatório publicado na revista Current Science, por R. Balasubramaniam, do Instituto Indiano de Tecnologia de Kanpur, afirma que: o pilar é “um testemunho vivo da habilidade dos metalúrgicos da antiga Índia”.

Fonte da imagem: https://www.trekearth.com/gallery/Asia/India/North/Delhi/New_Delhi/photo1483737.htm

Uma análise química feita por Sir Robert Hadfield em 1912, mostrou que a pureza do ferro usado na forja éra altíssima. Hadfield foi um metalurgista inglês, conhecido por descobrir o manganês em 1882, considerado uma das primeiras ligas de aço. Ele também inventou o aço-silício, inicialmente para propriedades mecânicas (patentes em 1886) que fizeram da liga um material de escolha para molas e algumas lâminas finas, embora também tenha se tornado importante em aplicações elétricas devido sua característica magnética.

Algumas pesquisas confirmaram que a temperatura requerida para construir tal pilar não poderia ser conseguida pela combustão de carvão e, consequentemente, os ferreiros indianos antigos teriam que usar de métodos muito mais complexos para conseguir tamanha temperatura para forjar o metal.

Estudos sobre a estrutura do pilar parece não deixar dúvidas de que ele não foi fundido, mas fabricado a partir de um incrível processo de forja e martelamento, usando pedaços de ferro quente e pastoso, cada um pesando cerca de 20 a 30 quilos, num processo gradativo. A superfície da coluna mantém, ainda, algumas das marcas do martelo.

Consta que, hoje em dia, percebe-se uma pequena quantidade de ferrugem começando a aparecer no pilar, entretanto, isso não torna sua condição menos enigmática, pois frente as condições climáticas e ao longo tempo passado, ele nem deveria mais existir!

Os resultados de testes de resistência à corrosão de uma camada uniformemente cristalina de fosfato de ferro e hidrogênio resultaram no elemento fósforo com elevado teor de ferro. Para os pesquisadores, isso poderia estar servindo como proteção para o pilar contra os efeitos do clima de Déli.

Outras teorias são expostas pelos estudiosos, como por exemplo: por ser a umidade um dos principais catalisadores da ferrugem, e Déli não ser muito úmida, a preservação acontecera de forma natural. Há, também, os que se apoiam numa teoria que evidencia a habilidade dos construtores, a qualidade dos materiais que usaram, e outras condições que supostamente contribuíram para a formação de uma camada protetora no pilar, já que, existem fontes que citam a existência de uma camada protetora na coluna, a qual seria responsável pela sua fantástica resistência. No entanto, a capacidade de resistir à corrosão não é exclusiva do Pilar de Ferro de Déli. Ela existe, também, em grandes objetos indígenas antigos com propriedades similares. Entre eles estão: os pilares de ferro em Dhar, Mandu, Monte Abu, Colina Kodochadri e canhões de ferro, o que nos leva a concluir que os antigos operários, ferreiros indianos, possuíam um conhecimento muito avançado no que se refere a forja de objetos de ferro.

Detalhes no topo do pilar demonstram a habilidade dos artesãos da época. Fonte da foto: Wikipedia

A coluna de Déli traz uma série de inscrições com datas diferentes, e que ainda não foram estudadas sistematicamente, apesar da localização do pilar ser de fácil acesso. A inscrição mais antiga na coluna está em sânscrito em seis linhas, e em brahmi noutras três, que remontam ao período Gupta, sugerindo ter sido construída para o deus Vixnu – deus hindu da vida e nutrição. Mas, também, elogia o valor e as qualidades de um outro rei, chamado de Chandra, geralmente identificado como o rei gupta Chandragupta II.

Vale destacar que até 2002 não se podia fazer nenhum estudo mais aprofundado no pilar, porque era considerado sagrado pelo povo indiano.

Inscrição do Rei Candragupta II. Fonte da foto: Wikipedia
Tradução em inglês das inscrições no Pilar de Déli – Fonte da imagem:http://persian.epochtimes.com/world/mysterious-ancient-indian-metal-works-surpass-modern-technology-13619.html/attachment/3-iron-pillar-5-600×450

O pesquisador e autor de vários livros, R. Balasubramaniam, estudou a metalurgia e a iconografia do pilar baseando-se na análise de moedas de ouro da Dinastia Gupta. Segundo ele, o pilar, com uma roda ou disco no topo, originalmente localizava-se nas cavernas Udayagiri, situadas perto Vidisha, em Madhya Pradesh. Esta conclusão foi parcialmente baseada no fato de que uma das inscrições do pilar menciona Viṣṇupadagiri (que significa “colina com pegada de Vixnu”). Esta conclusão foi aprovada e elaborada por Michael Willis em sua obra Archaeology of Hindu Ritual, publicada em 2009 brasil-libido.com.

Assim como a tantos outros objetos misteriosos, o Pilar de Ferro de Déli possui preciosos segredos que, infelizmente, podem se perder para sempre, seja pelas mãos do homem, ou pelos desígnios do próprio tempo. De qualquer forma, parece haver certa preocupação de preservação do intrigante monumento, pois em 1977, foi colocada uma cerca ao redor do pilar para protegê-lo dos visitantes, pois os mesmos, com a intenção de tocá-lo, devido à crença que afirma que os desejos das pessoas serão atendidos, se ficarem de costas para o pilar e abraça-lo de forma que os dedos das mãos se encontrem, acabou por danificá-lo – ainda que sem intenção, resultando num desgaste e descoloração de certa área do Pilar – pela ação corrosiva do suor. Além desta crença e entre tantas outras, existem os convictos de que se alguém andar em torno da coluna, mentalizando algo, o que foi desejado acontecerá.

A Índia, sem dúvidas, possui uma riqueza cultural e histórica muitíssimo envolvente. Assim como nos outros cantos do mundo, ainda há muito a ser descoberto nela. Mesmo que o tempo, com toda sua força, tenha nos afastado do longínquo passado histórico deste planeta, ele deixou incontáveis possibilidades a serem encontradas e desvendadas. Elas estão lá fora, nos esperando! Espalham-se entre o céu e a Terra, de forma ilimitável… Estão por todos os lugares, pensados e impensados, mas, sobretudo, está na ânsia daqueles que buscam o inimaginável a fim de compreender o que parece incompreensível.


Fontes

https://travel.sygic.com/pt/poi/pilar-de-ferro-poi:22932

https://www.historicmysteries.com/mysterious-iron-pillar-of-delhi/

https://www.magnusmundi.com/pilar-de-ferro-de-deli-na-india/

https://www.ancient-origins.net/ancient-places-asia/incredible-rust-resistant-iron-pillar-delhi-001503

https://www.epochtimes.com.br/misteriosa-estrutura-antiga-metal-ultrapassa-tecnologia-moderna/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pilar_de_ferro_de_D%C3%A9li

https://www.amazon.com/gp/product/817596278X/ref=dbs_a_def_rwt_hsch_vapi_taft_p1_i2

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