A pedra de Cumpanamá contém mais de 100 gravuras, que até hoje ainda não foram totalmente decifradas, como linhas espiraladas ou concêntricas em forma de cobras. Foi descoberta pelo geólogo José Sanches Izquierdo em 1997 e se encontra no Distrito de Balsapuerto, Província do Alto Amazonas, Departamento de Loreto do Peru. As figuras são esculpidas em alto e baixo relevo criando superfícies côncavas e convexas; as figuras que mais impressionam são: Uma cabeça com olhos circulares, uma figura humanoide com os braços estendidos, também se observam figuras antropomorfas e animais (tartarugas, aves, ursos formigueiros, etc). No topo existe uma cobra gigante e o desenho de uma cachoeira em queda dupla, a pedra possui alto valor mítico para os Shawi, porque para eles é a personificação do deus Cumpanamá, um personagem lendário que criou os Shawi e muito importante na mitologia Awajun.
O pesquisador e arqueólogo italiano Yuri Leveratto se aventurou em uma expedição repleta de revelações sobre o enigma dos petróglifos de Cumpanamá. Partindo de Yurimaguas, na Amazônia Peruana, ele mergulhou em uma jornada sob o calor escaldante e o sol impiedoso.
Nesse cenário desafiador, Leveratto desbravou minuciosamente os intricados petróglifos de Cumpanamá, inscrições milenares lapidadas nas rochas, contendo mensagens esquecidas. A expedição, inicialmente planejada para navegar pelo Rio Paranapura até Balsapuerto, viu-se redirecionada devido à indisponibilidade de barqueiros. Com resolução inabalável, ele optou por uma jornada terrestre, enfrentando trilhas estreitas, vegetação densa e chuvas que transformaram o trajeto em um terreno lamacento. Auxiliado por Ernesto Sanchez, um experiente guia local, Leveratto superou obstáculos naturais e adversidades climáticas, finalmente chegando a Balsapuerto, uma aldeia Shawi às margens do Rio Cachiyacu. Com o auxílio de um guia regional, ele continuou sua exploração, almejando alcançar os petróglifos de Cumpanamá, localizados próximo à quebrada Achayacu.
À medida que se aproximava da imponente pedra de Cumpanamá, cuja forma lembrava um cilindro irregular, o arqueólogo intuiu a magnitude do local. Uma parede com aproximadamente nove metros de comprimento, adornada com petróglifos, desvelou-se como um tesouro arqueológico pouco estudado e desconhecido. A pedra, com 48 metros de circunferência e cerca de seis metros de altura, estava ricamente esculpida com representações que ofereciam vislumbres preciosos sobre a cosmovisão dos antigos habitantes.
Leveratto identificou petróglifos de grande significado, dentre eles um retratando uma máscara-coroa adornada com plumagens, possivelmente pertencente ao líder tribal. Outro petróglifo exibia um símbolo yin-yang, cujo significado intrigava intérpretes, sendo por vezes associado a uma concha. Logo abaixo do petróglifo do cacique, ele identificou um símbolo peculiar: um círculo com uma linha horizontal no centro. A sequência continuava com um espiral, símbolo do kundalini, e um enigmático petróglifo semelhante a uma “raquete”, dividido por linhas horizontais e verticais, criando doze espaços contínuos.
O tema da “raquete” ecoava em Cumpanamá, apresentando-se em mais três ocorrências. Acima dela, cinco círculos com alternância de pontos e linhas horizontais capturavam o olhar. Mais adiante, duas espirais, similares ao símbolo da kundalini, preenchiam o cenário. Um símbolo em forma de L invertido, acompanhado por uma circunferência com relevo duplo no centro, provocava mistério. À direita, um rosto, assemelhando-se aos de Pusharo, possivelmente denotava marcas territoriais. Na extremidade direita da parede central, um conjunto fechado de quatro pequenos círculos se destacava. Sobre esse conjunto, um “quadrado dividido em quatro quadrados” atraía o olhar.
Circundando a pedra no sentido horário, Leveratto observou um petróglifo de serpente, símbolo do inferno, seguido por um jaguar, representando o mundo real, força e determinação. Outra “raquete” e espirais kundalini surgiam, juntamente com vários círculos concêntricos. Na parte superior da pedra, um quadrado com um quadrado adicional no topo chamava atenção.
Esses petróglifos, semelhantes aos de Pusharo, têm origens amazônicas, provavelmente do período formativo (2000 a.C.), e podem ter sido criados pelos antepassados amazônicos dos indígenas Shawi, que viajavam das selvas aos Andes.
A localização da Pedra de Cumpanamá é registrada como Lat. Sud 5º 52´ 409 ´´, Long Oeste 76º 31´315´´.
Assim, a corajosa exploração de Yuri Leveratto desvelou alguns enigmas inscritos nas pedras de Cumpanamá, proporcionando um vislumbre profundo da rica história e cultura das antigas civilizações amazônicas, proporcionando um entendimento um pouco mais profundo das narrativas ancestrais esculpidas nas pedras.
SEMELHANÇA COM A PEDRA DO INGÁ CHAMA ATENÇÃO
A Pedra do Ingá, na Paraíba, e a Pedra Cumpanama são duas notáveis rochas com inscrições rupestres da América do Sul, que surpreendem pela incrível semelhança em suas características. Apesar das equivalência entre esses dois notáveis petróglifos, muitas perguntas permanecem sem resposta. Qual era o propósito dessas inscrições? Que civilizações antigas as criaram? Como essas comunidades pré-históricas se relacionavam entre si?