Por eras a raça humana se questiona sobre tudo que a cerca. E isso segundo alguns autores é uma peculiaridade natural que impulsiona o desenvolvimento dos povos no âmbito intelectual e social. Essa busca pelo esclarecimento do desconhecido nos leva a linhas de raciocínio e leituras do que nos cercam segundo a perspectiva de mundo que o indivíduo e coletivo têm.
“Sendo assim, nossa perspectiva está apta a mudar com o passar do tempo e desenvolvimento intelectual e nova luz sobre a ciência”.
No passado distante, ao não conseguirem explicar os trovões, gregos idealizaram um Deus responsável pelo evento. Da mesma forma foi para os demais fenômenos naturais que os cercavam. O Olimpo se enchei de deidades e assim foi por séculos.
Joseph Campbell e seu mundialmente trabalho em mitologias e religião comparada destaca em sua celebre obra O Herói de Mil Faces que o perfil religioso da psique humana, sob o exemplo do evento de um povo migrar para outras regiões onde antes havia uma religião e suas próprias convicções, então os dogmas religiosos que ali chegaram podem aderir no inconsciente coletivo caso a premissa das deidades sejam igual ou semelhantes. Vemos isso acontecem com a migração dos deuses gregos e romanos, alguns nomes no meio cristão também tiveram origens muito mais antigas e assim a história segue para trás.
“A história é testemunha do passado, luz da verdade, Vida da memória, mestra da vida, anunciadora dos tempos antigos”. Cícero
Mas então? O que isso tem a ver com ooparts?
A sigla OOPARTs, do inglês Out Of Place ARTefacts – Artefatos Fora do Lugar, nasceu para denominar não apenas o que não se encaixa, mas o que também não carrega informação suficiente para que hoje possamos rastrear não apenas como tais objetos foram concebidos ou até os alocar explicando o porquê ali estavam. Uma vez que é isso que trata o papel do historiador e arqueólogo: traçar a linha do tempo conforme o passado nos mostra.
Um artefato que sob o interesse paleontológico, histórico e arqueológico é encontrado em um ambiente de contexto totalmente atípico aos demais fatores que envolvem a sociedade do achado, o que desafia a cronologia histórica tanto do povo que possuiu tal objeto quanto nossa perspectiva sobre a tecnologia disponível na época estabelecida que tal povo tenha quando viveram na Terra.
A migração de pensamento, teses e, enfim, as teorias que compõem os livros de história do mundo e sobre eventos e mapeamento da civilização podem ser árduas e difíceis da aceitação individual e coletiva, talvez tanto quanto no caso que Campbell destaca exposto nas mitologias religiosas. E essa aceitação do desconhecido pela ciência contemporânea é um tanto complicada.
Outra vertente sobre OOPARTs é a provocação que esses artefatos exercem sobre nossa visão moderna do contato entre culturas antigas tidas hoje como sem possibilidades de qualquer contato direto e/ou indireto entre elas devido à distância e principalmente a barreira oceânica. Uma vez que certos itens, OOPARTs, contradizem assim constatações arqueológicas já afirmadas como verdade e defendidas como irrefutáveis, tal como o exemplo da negação e travessia transatlântica entre países do hemisfério norte do oceano Atlântico com as Américas, ao leste do oceano.
Na antiga visão europeia de mundo, a Terra era plana, o sistema de estelar e o Sol giravam em torno da Terra e depois da imensidão do Atlântico existia o abismo que derrubaria os navegadores mais destemidos no completo nada. Depois de derrubada essa teoria europeia cristã, passaram-se 500 anos e cá estamos discutindo algo além oceano Atlântico novamente. Um dentre os milhares de artefatos iguais a ele que existiram e levam essa teoria da não travessia transoceânica na pré-história a chão é a Fuente Magna, uma cuba de barro que contem gravações sob língua escrita, sendo inscrições proto hebraicas e escrita cuneiforme. Sim, cuneiforme, o mesmo sistema de escrita tida como fruto do desenvolvimento intelectual da primeira sociedade que conseguiu atingir o registro escrito da antiguidade. O interessante é que esse artefato foi descoberto na Bolívia, um tanto longe da região suméria da mesopotâmia, não?
Essa, entre outras Ooparts, faz parte dos tópicos abrangidos da live transmitida no canal André De Pierre sobre OOPARTs (clique aqui para assistir) e também foi tema de extensa pesquisa de campo e analítica exposto na matéria da Revista Enigmas nº 7 (adquira a revista aqui). Em resumo, uma prova que sumérios, no mínimo 6000 anos atrás, não apenas estiveram nas américas, região da Bolívia entre outras, como por aqui estiveram por um bom período. Haja vista que ao traduzir escritos cuneiforme das mais de 14.000 tabuas de argila encontradas na região das principais cidades sumérias antigas que continham seus registros, também encontramos palavras iguais em significado e som, pronuncia, dentre línguas indígenas de várias regiões das américas, e até de áreas Brasileiras, como do Xingu.
Clique aqui e veja uma matéria do site da Revista Enigmas sobre o assunto Fuente Magna.
Enfim, o tema OOPARTs sempre é palco de inúmeras discussões e foco de dúvida pela academia cientifica, assim como para os pesquisadores mais aplicados a desvendar esses mistérios que envolvem a definição do que pode ser tomado como um assunto sério ou não.
“Mantenha as pessoas longe de sua história, e elas serão facilmente controladas” .Karl Marx
Críticos mais afoitos e resistentes às teorias que envolvem OOPARTs e suas origens, consideram os objetos que de fato não são hoaxes (termo do inglês usado para fraudes arqueológicas), como resultado de má interpretação sobre a cultura e faixa temporal do qual cada item descoberto pertence, e não estão errados em alegar que a falta de conhecimento sobre as tecnologias totais da época ou dúvida sobre o potencial intelectual antigo possa ter atingido tais feitos e possam justificar os artefatos. No enquanto, o que não condiz é a refuta sem argumentos ou provas que façam com que de fato um ponto final seja colocado sobre o assunto peculiar de cada OOPART sob uma argumentação plausível e que justifiquem todos os parâmetros de análise.
“A história é um conjunto de mentiras sobre as quais se chegou a um acordo”. Napoleão Bonaparte
OOPARTs existem, estão aí. Investiguemos e removamos as fraudes, sobram as verdades. As principais correntes da ciência podem estar em negação, talvez por convicção, talvez por liberdade de pensamento e expressão, ou talvez até mesmo por ignorância voluntária. De qualquer forma, o que não se pode negar é que narrativas podem ser mudadas, todavia artefatos e os fatos que as cercam não. Provas são provas. Artefatos são artefatos. As pesquisas estão em desenvolvimento e cada vez mais pesquisadores avançam em datações, análises de campo, conjecturas e mapeamento. Logo muito do que a grande população desconhece passará a ser fato conhecido e corriqueiro. É para isso que a sociedade cientifica trabalha.
A Revista Enigmas trará matérias sobre OOPARTs específicas nos próximos posts.
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“As grandes conquistas da humanidade foram obtidas conversando, e as grandes falhas pela falta de diálogo”. Stephen Hawking
Bibliografia
SCHWENNHAGEN, Ludwig. Antiga História do Brasil – De 1100 a.C. a 1500 d.C: 2. Ed. Cátedra Livraria e Editora Ltda, 1970
CREMO, Michael A farmbrazil.com.br., THOMPSON Richard D. A História Secreta da Raça Humana: Aleph Editora, 2004
WINTERS, C. W. Ancient Scripts in South America: The Sumerians in South America: 1. ed. EUA: CreateSpace Independent Publishing Platform, 2015
D’ALVIELLA, Conde Goblet A Migração dos Símbolos: 1. ed. Pensamento Editora
CAMPBELL, Joseph O Herói de Mil Faces: 1. ed.: Pensamento Editora, 1989
OSMOND, Keith Ooparts: An Adventure in Time: ebook Kindle Amazon: Lulu.com Editora, 2013